Os amantes de café estão sempre à procura de uma novidade no mercado. E porque não, temos que aproveitar mesmo todas as possibilidades que esse universo nos proporciona.
E dentro dessa pesquisa a procura de novos grãos, por um acaso você já se deparou com um chamado Kopi Luwak? Provavelmente sim!
Este grão é muito famoso não só por ter um alto custo, mas também pode ser igualmente raro e com uma origem um tanto quanto bizarra e talvez até um pouco nojenta, por assim dizer.
Qual a origem do Café Kopi Luwak?
Antes de falarmos desses outros pontos, vamos saber a origem deste grão tão raro.
O Kopi Luwak é originário da Indonésia.
Ele é produzido na alta região de Gayo, a mais de 1500 metros de altitude, entre as montanhas da Sumatra.
Não existe um documento que comprove quando esse café começou a ser cultivado, mas acredita-se que ele surgiu há 200 anos atrás, por volta do século XVIII, período em que os colonizadores holandeses começaram a plantar nas ilhas de Sumatra, Java e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia.
Na época, os holandeses proibiram os agricultores de plantarem e colherem o café para consumo próprio.
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Como é feito o Kopi Luwak?
Bom, chegamos a parte nojenta. Antes de chegar a sua casa, o grão do café é retirado das fezes de um felino selvagem de pequeno porte, nativo da região sudeste asiática, chamado de Civeta.
É isso mesmo que você leu! Os civetas entram nas plantações de café durante a noite e procuram comida. Com seu olfato super apurado, ele procura e consome os grãos de café mais doces, maduros e avermelhados.
Estes, depois de ingerido pelo animal, passam pelo seu sistema gastrointestinal e as proteínas dos grãos são quebradas por enzimas digestivas. Em seguida, somente os grãos – intactos – são descartados nas fezes desse felino.
Todo esse processo, apesar de nojento, confere ao café menos acidez e amargor, assim como um sabor aveludado de chocolate e suco de uva.
E mesmo que o método não seja dos mais agradáveis, saiba que o processo que acontece no sistema digestivo do Civeta é bem parecido com o do usado pelas indústrias para remover a polpa do grão. A diferença, é claro, está nas bactérias que entram em contato com o alimento, que são diferentes.
Foi justamente pela sua origem bizarra que o café ficou conhecido como um dos mais excêntricos do mundo, e não é à toa. Aliás, o próprio nome faz alusão a esse processo: Kopi significa café, já Luwak quer dizer civet.
Mas, na verdade é todo o processo pelo qual o grão passa, como cultivo, extração, processamento e torrefação, que fez dele um grão raro e de alto custo.
Outro fator interessante é que por conta dessa “desova”, os agricultores na época da colonização puderem consumir o café plantado pelos holandeses.
O que acontece depois que o Civeta descarta os grãos?
Como dito, os civetas, que vivem nas florestas tropicais da Indonésia, entram nas fazendas e comem os grãos de café mais doces e maduros.
Depois de um tempo, os agricultores da região percorrem toda a área dos cafezais à procura das fezes do animal e fazem a coleta manual dos grãos.
Um fator importante é que este serviço é feito por quem nasceu e mora na região.
Em seguida, com o intuito de preservar o alto nível de qualidade do café, os grãos são processados logo após a coleta. Primeiro, são lavados e, em seguida, secam de forma natural ao sol. Depois, eles são separados e classificados, indo para o centro de torrefação.
Aliás, essa parte da torrefação é muito importante e específica. Aqui, os grãos são levemente torrados e resfriados logo em seguida. Isso é feito para preservar o sabor.
Com isso, quer dizer que você está consumindo um café puro, fresco e orgânico, sem qualquer adição de elemento industrializado.
Como já falamos, não é só por conta do café ter sido retirado das fezes de um animal que o faz dele um item caro e raro, é todo o conjunto da obra.
Como fazer o café Kopi Luwak?
Apesar de caro e raro, o café Kopi Luwak pode ser feito como qualquer outro. Sempre respeitando o nível de pó, água e o tempo que ambos ficam em contato um com o outro.
E claro, sempre fazendo uma xícara nova cada vez que você for tomar. De todos, esse com certeza será o que você não vai querer desperdiçar uma única grama ou gole.
Qual é o preço do quilo do Kopi Luwak?
Está preparado para saber o preço? Se você deseja adquirir apenas 100 gramas desse café você terá que desembolsar algo em torno de R$1.000,00. Isso mesmo!
O quilo costuma ser vendido por US$2.880. Com o dólar em torno dos R$4,90, isso fica próximo de R$14.000,00 para quem quiser (e poder desembolsar!).
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Você teria coragem de pagar tudo isso por um café? É um investimento para poucos, não é mesmo?
Onde comprar o grão do Kopi Luwak?
Por se tratar não só de um grão raro, mas também internacional, é bem provável que você só ache ele na internet, em sites como a Amazon do Brasil ou dos EUA. Tem algumas opções no Mercado Livre também.
Caso encontre em outro portal, certifique-se que você está comprando o original, de fato. Para o barato não sair caro, no final das contas.
Quais são seus diferenciais?
Por conta de toda a modificação que o grão sofre dentro do sistema digestivo do civeta, o café acaba ganhando características únicas, tornando-se uma bebida suave, menos ácida e de amargor inferior. Algo realmente diferente de tudo.
Mas é claro que não podemos nos esquecer que antes de ser consumido pelo Civeta, o grão tem um ótimo cultivo, além do manejo diferenciado, coleta manual, secagem e processo de seleção e torra. Além dos cuidados com armazenamento e transporte da bebida.
Isso tudo, além da moagem feita da hora do consumo, fazem do Kopi Luwak um café inigualável.
É seguro tomar o Kopi Luwak?
Sim! Segundo pesquisas feitas com o grão, ele é totalmente seguro e pode ser consumido sem nenhum medo.
Se formos comparar com os cafés vendidos no mercado, que inclusive detém restos de insetos como baratas, podemos dizer que o Kopi Luwak é ainda mais higiênico do que muitos outros.
Então pode ficar tranquilo e provar sem medo!
Tem algum parecido no Brasil?
Sim! Nós também temos uma versão do Kopi Luwak por aqui.
O café mais raro e caro do Brasil é o Jacu.
Do Espírito Santo, o dono da marca lidou com o mesmo problema que os agricultores da Indonésia: viu 10% da sua produção ser comida pelo Jacu, um pássaro comum da região.
Com o tempo, o empresário percebeu que a ave também descartava o grão por inteiro. E assim como os agricultores da Indonésia, ele também passou a utilizar os grãos descartados nas fezes do pássaro para evitar desperdício, dando origem à versão brasileira do Kopi Luwak.
Diga-se de passagem é um excelente café também, muito saboroso e muito rico nos seus detalhes.
Conclusão
Confessamos que mesmo gostando de café, não sabemos se teriamos coragem de pagar um valor tão alto por uma xícara feita com esses grãos.
Mas como tudo são escolhas, se você tem o dinheiro para gastar, por que não?
Com certeza será uma experiência única!
Referências: