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Curiosidades

Ferrugem no café: Como controlar a Doença? Pode usar fungicida?

É de conhecimento geral que o Brasil é um dos maiores produtores de café do mundo. Graças ao nosso clima e ao solo de algumas regiões, somos responsáveis por um dos melhores grãos disponíveis no mercado.

Por outro lado, isso não livra a safra da doença da ferrugem, um problema muito comum que ataca os cafezais.

Ela é uma das maiores vilãs entre os cultivadores de café, isso porque, caso não seja tratada, pode prejudicar diretamente a produtividade da safra atual e posterior.

O que é essa ferrugem?

Conhecida como ferrugem alaranjada, a Ferrugem do Cafeeiro é uma mazela causada por um fungo chamado Hemileia vastatrix, que está no Brasil desde 1970.

Este fungo é do tipo biotrófico, o que quer dizer que ele se alimenta das células vivas da planta.

Para isso ele entra no estômago das folhas. Já dentro desse ambiente, ele gemina e se desenvolve, mas sem causar a morte da célula.

Algumas situações favorecem o aparecimento da ferrugem, entre elas: alta umidade, temperaturas entre 20 e 24°C, baixa incidência de luz, carga pendente e grande quantidade de folhas.

A doença se inicia nas folhas de saia e evolui para o ápice da folhagem, causando uma infecção em toda a muda.

O prejuízo para o agricultor após o aparecimento dela é grande. Fica em 35% quando o clima fica favorável para a ferrugem, mas esse número sobe para 50% em épocas de estiagem prolongada.

Quais são os sintomas da doença?

É muito fácil identificar se a sua safra está sofrendo com a ferrugem. A doença se caracteriza pelo aparecimento de pequenas manchas/massas de esporos em tons de amarelo e laranja. Com um aspecto poroso, começando na parte inferior da planta, causando uma mancha clorótica na face superior.

E não para por aí. Além de causar desfolha nas mudas, ela não só afeta a safra atual como a seguinte também, influenciando diretamente no crescimento dos ramos do cafeeiro. Esse problema ainda causa a necrose das partes do tecido foliar.

Sem falar que é um pesadelo, pois tem o poder de contaminar lavouras inteiras.

Além de que mesmo sendo uma doença bem aparente, esta só aparece quando já está na sua fase reprodutiva, ou seja, já está incrustada na planta e já mexeu com o crescimento das mudas.

Como ocorre a disseminação?

Essa disseminação ocorre de diversas formas, entre elas:

  • Por meio de insetos;
  • Através do vento;
  • Respingos da água da chuva.

Qual é o ciclo?

O ciclo da ferrugem é bem definido e as etapas podem até serem previstas pelos produtores.

A primeira fase da doença ocorre entre novembro e dezembro e ela evolui de acordo com o clima. Durante esse estágio a infecção aumenta, mas só atinge o seu ápice entre julho e agosto.

Entre esses dois meses, é quando a mazela fica mais aparente.

Depois desse período, por conta da desfolhagem natural da planta e também da causada pela colheita, a incidência da doença diminui consideravelmente, mas não sem antes causar um bom estrago.

Sem esquecer, é claro, que mesmo a quantidade de folhas eliminadas já com a doença ser grande, não quer dizer que o problema está totalmente erradicado.

Como fazer o controle-combate dessa doença?

Como dito, além de ser uma doença que se alastra de diversas formas e tem o poder de prejudicar a safra atual e a seguinte, o produtor tem que se planejar para evitar ou, se for o caso da contaminação já ter ocorrido, tomar atitudes para acabar com a mazela o mais rápido possível.

A boa notícia é que existem diversas maneiras de fazer isso.

A primeira e talvez a mais importante é o monitoramento da plantação, principalmente no mês de dezembro. Normalmente é neste mês que começam as chuvas. Esse cuidado redobrado deve permanecer até o fim desse período chuvoso.

É igualmente importante deixar um bom espaço entre uma muda e outra, isso permite que o arejamento das plantas na lavoura seja maior.

A poda periódica das mudas é também uma boa estratégia, assim como manter as plantas sempre muito bem nutridas e com um excelente equilíbrio nutricional.

O agricultor também pode prevenir a ferrugem por meio do controle de cobre em pó, ele evita que a doença apareça pois funciona como uma capa protetora, protegendo as folhas da mazela – por isso sua aplicação não deve ser feita em dias de chuva.

A vantagem dessa opção é que ela não só protege, como corrige possíveis deficiências nutritivas na planta. Por outro lado, ela não é uma alternativa se a infecção já tomou mais de 5% da plantação.

Além desses cuidados mais comuns, uma outra ação que vem ganhando adeptos é o uso de cultivares que são resistentes a essa mazela.

Todos esses passos devem ser seguidos antes do agricultor cogitar o uso de fungicidas. Estes só são recomendados quando a infestação ultrapassou os 5%. Neste caso, os químicos recomendados são os que possuem ação sistêmica, principalmente os que fazem parte do grupo de estrobilurinas e triazois.

O único problema na utilização desses fungicidas é que mesmo sendo mais eficaz, o produtor tem que ficar atento e evitar fazer uso desse elemento com muita frequência.

Com o passar do tempo, o fungo fica resistente a substância e eventualmente ela para de funcionar, por isso a prevenção sempre é a melhor solução, para a planta e também para o meio ambiente, principalmente quando falamos de elementos químicos.

Conclusão

Mesmo o Brasil tendo um clima perfeito para o cultivo de café, este mesmo ponto positivo pode se tornar um vilão por conta das variações climáticas.

Sendo assim, para poder ter um alta produtividade o produtor tem que saber lidar com essas mudanças. Melhor ainda, estar preparado para elas.

A vantagem é que as tecnologias do agronegócio evoluíram bastante nos últimos anos, então opções é que não faltam para o agricultor proteger a sua safra, até de forma mais consciente sem a necessidade de utilizar químicos que afetam o meio ambiente.

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6638270/

https://www.britannica.com/science/coffee-rust



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